O aumento benigno da próstata tem início a partir dos 20 anos, porém só é clinicamente detectável após os 40 anos com o início dos sintomas, que se tornam mais prevalentes com o decorrer da idade. Desta forma 35% dos homens acima dos 60 anos e 40 - 50% dos homens acima dos 70 anos têm aumento prostático e distúrbios da micção.

O aumento da próstata não implica necessariamente na presença de sintomas a nível do trato urinário ou dificuldade para urinar, desta forma temos indivíduos com próstatas muito aumentadas sem sintomas miccionais obstrutivos, ou seja, que urinam bem e que portanto não necessitam tratamento, e de forma contrária temos indivíduos com próstatas pequenas com muitos sintomas obstrutivos e dificuldades miccionais que tornam necessários tratamentos clínicos ou cirúrgicos. Isto ocorre porque a uretra passa pelo meio da próstata e esta quando cresce pode crescer só para fora sem comprimir a uretra e, portanto, sem dificultar a passagem de urina, ou inversamente, crescer para dentro comprimindo a uretra e assim estreitando-a, diminuindo seu calibre e dificultando consequentemente a passagem de urina e o esvaziamento vesical.

A avaliação destes pacientes tem dois objetivos principais, avaliar se há ou não obstrução prostática e distúrbios miccionais causados pelo aumento benigno da próstata (HPB), e diagnosticar a presença ou não de Câncer de Próstata. É importante frisar que pacientes com aumento prostático têm a mesma chance de possuírem câncer que aqueles pacientes cuja próstata tem tamanho normal.

É importante esclarecer que cirurgias de tratamento de HPB (próstatas benignas) não previnem o desenvolvimento de câncer.

 
 
Avaliação dos pacientes inclui:
Quantificação dos sintomas: Visa uniformizar a avaliação inicial e, desta forma permitir a classificação entre portadores de sintomas leves, moderados ou severos. Visa também avaliar a eficácia do tratamento em termos de sintomatologia uma vez que quantificam a frequência em que os mesmos ocorreram no último mês: jato fraco, gotejamento terminal, sensação de esvaziamento incompleto, redução do intervalo entre as micções, presença de nictúria (micções durante a noite), ocorrência de urgência ou urge-incontinência e ainda uma questão quanto ao comprometimento da qualidade de vida em decorrência do distúrbio miccional. Existem vários questionários de sintomas disponíveis, mas o mais utilizado é o I-PSS (International Prostate Symptom Score).

História detalhada:
Visa investigar patologias associadas e seus eventuais tratamentos, como patologias neurológicas, diabetes, cirurgias prévias, uso de diuréticos, etc.
Exame físico: Através do toque retal é possível uma idéia do volume prostático bem como da eventual presença de nódulos ou áreas endurecidas a nível prostático. Todo nódulo ou área endurecida deve ser biopsiado uma vez que existe uma possibilidade de câncer de 30% e 50% respectivamente, associada a estas situações.

Exames laboratoriais:
Exames de urina são obrigatórios no sentido de se afastar infecções urinárias. A dosagem de creatinina serve para avaliar a função renal. A dosagem de glicose sanguínea permite afastar a presença de diabetes. A dosagem de antígeno prostático específico (PSA), juntamente com o toque retal permite afastar ou sugerir a presença de câncer de próstata.
Fluxometria: Trata-se de exame não invasivo que permite avaliar de forma objetiva a micção. É realizado solicitando-se ao paciente que urine dentro de um aparelho denominado fluxômetro. Quando o fluxo máximo for superior a 15 ml/Seg existe uma possibilidade de 85% de que o paciente não apresente obstrução. Também apresenta valor importante no seguimento pós-cirúrgico de portadores de HPB.


Avaliação Complementar:
Ultrassonografia: Permite a avaliação anatômica do trato urinário constatando presença de cálculos, hidronefrose, tumores, volume prostático, alterações da bexiga por esforço na hora de urinar e o resíduo pós-miccional.
Urodinâmica: É o único exame que permite o diagnóstico de obstrução infra-vesical. É indicado em indivíduos jovens com prostatismo, em pacientes com patologia neurológica, com cirurgias prévias do trato urinário inferior ou em pacientes em que não haja correlação entre a sintomatologia e a fluxometria. Alguns médicos defendem sua indicação sistemática sempre que se cogite o tratamento cirúrgico da HPB, mas isto ainda não é consensual.

Tratamento da HPB
Inicialmente deve-se ater a condições externas ao trato urinário. Através do diário miccional pode-se adequar a ingestão hídrica no sentido de evitar sobrecarga sobre um trato urinário inferior em condições limítrofes. Sabe-se que um paciente não necessita urinar mais que 1500 ml/dia para suas necessidades metabólicas. Pacientes diabéticos devem ser controlados no sentido de reduzir a poliúria. Pacientes hipertensos tomando diuréticos devem ter sua medicação revista o sentido de se aliviar sobrecarga hídrica sobre o trato urinário. Pacientes portadores de insuficiência cardíaca e poliúria noturna devem ser compensados visando evitar a redistribuição noturna de fluidos.

Tratamento medicamentoso

        1) Bloqueadores da 5 alfa-redutase: A finasterida - A médio prazo leva a uma redução de até 30% no volume prostático e do PSA reduzindo seu valor a metade do original. Tem sua principal indicação em portadores de próstatas de grande volume. A Dutasterida droga mais moderna, age da mesma forma e parece ser mais eficaz conseguindo reduções ainda maiores em menor intervalo de tempo, segundo trabalhos recentes.

        2) Alfa Bloqueadores: (terazosina, alfuzosima, tamsulozina e doxazosina)
Atuam rapidamente relaxando a musculatura lisa da próstata, colo vesical e uretra prostática permitindo a dilatação e aumento do diâmetro da região colo-uretral e desta forma uma micção com melhor fluxo e diminuição dos sintomas. A ocorrência de tontura e hipotensão são os efeitos colaterais principais dos alfa-bloqueadores, principalmente os não seletivos.

Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico da HPB tem sua indicação formal em pacientes com repercussão da obstrução sobre o trato urinário superior, sangramento freqüente e pacientes sintomáticos que não apresentaram resposta satisfatória ao tratamento medicamentoso. A cirurgia geralmente é realizada via endoscópica através da ressecção transuretral da próstata (RTU). A morbidade da RTU de próstata relaciona-se principalmente à ocorrência de disfunção erétil em 3 a 5% dos pacientes operados e até de incontinência urinária em menos de 1% destes pacientes.